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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Em Lisboa!!... Finalmente!

Queridos Amigos e Querida Família!


Depois de 24 horas a viajar de avião, de Dehli até Munique, de Munique até Madrid e de Madrid para Lisboa, cheguei finalmente a Lisboa.

Cheguei à minha cidade como se a ela tivesse voltado 50 anos depois.
E foi intenso o prazer do reencontro com Todos os que me vieram receber. De braços abertos.
Com cartazes erguidos bem alto dando-me as boas-vindas, com doirados sorrisos nos rostos.
Era como se voltasse a nascer e se a esse nascimento eu já assistisse como gente que pensa e é já capaz de compreender a Festa da Vida. Foi um excelente presente de Parabéns.
E, depois, os abraços e os beijinhos...
A todos... Um por um... Olhos-nos-olhos...
A saber de todos quem são... E o quanto os quero e me querem. Foi muito bonito.

Depois foi o dormir, com vontade de depressa voltar a acordar.
Mas o acordar veio, assim, meio pachorrento, como que a querer ficar mais tempo a sentir em mim as memórias de uma grande viagem e de uma chegada muito bonita.

Fui acordando devagar.
Depois comecei a ver as fotos que tirei.
Abri o Facebook e tinha tantas mensagens...
Fiquei sem saber como começar a responder a tantos amigos que me deixaram mensagens tão bonitas.

Deu-me vontade de publicar algumas fotos e de, assim, aos poucos, ir regressando ao contacto.
Depois os comentários começaram a aparecer e percebi que, se continuasse, não viria aqui tão cedo.
Por isso resolvi fazer copy de uma resposta a um desses comentários e colocá-la aqui.

Transcrevo-a agora:

"Uma viagem pela(s) Índia(s) que me deixou recordações fantásticas. E à medida que o tempo vai passando é como se mais coisas conseguisse ligar e conseguir, assim, perceber novos sentidos. Nunca uma viagem me deixou, assim, tão rendido aos profundos mistérios e milagres da Vida!"

Achei que esta resposta ao comentário resumia bem esta minha viagem pela Índia.
E como ela veio inspirada pela colocação de fotos no facebook, deixo-vos aqui, também, essas mesmas fotos, para que possam perceber um bocadinho como aqui cheguei.

Com o novo Lama, em Leh...
Sou um ser profundamente fascinado pelos humanos.

Esta viagem à Índia foi como que um regresso à infância, um regresso ao tempo em que a Europa também era pobre, mas em que já surgiam alguns, ainda poucos, mas muito ricos.
Alguns mesmo obscenamente ricos e desprezíveis para com os Outros.

Banho na rua...
Um regresso ao tempo em que se brincava na rua e em que também éramos responsáveis pelo bem-estar dos Outros.
Em que havia muitas coisas para serem feitas e em que todos participávamos, para que à noite nos juntássemos à mesma mesa para partilharmos uma refeição, em que nada ou quase nada sobrava.

E essa sensação é vivida, passo a passo, por quem passa e sabe ler, e ver, o que à sua volta acontece.

Foi, assim, como que um regresso ao tempo em que quase ninguém tinha carro.
Em que alguns tinham bicicletas. E em que muitos andavam a pé. E a pé. E de pé.

Pelo Deserto de Thar...
E de pé a vida fazia outro sentido.
Era o tempo em que não nos abrigávamos da chuva e que quando ela vinha era uma festa para todos aqueles que a esperavam, para que as terras em que trabalhavam pudessem produzir novos bens comestíveis e cujo valor se esgotava na esfera do consumo.

E nós ficávamos felizes porque a chuva era boa para quem vivia no campo. E era boa para quem chapinhava nas poças.

Deserto de Thar...
Na Índia para além destes meninos pobres e que sabem e gostam de sorrir, existem outros meninos que são muito mais pobres e que não aprenderam a sorrir.

Há adultos que nasceram nas margens da vida e que não aprenderam a sorrir, que não são parecidos com ninguém. São seres imensamente pobres e arrastam-se pela sobrevida até que um dia a morte lhes atenue o sofrimento de inexistir.

Olhar sem brilho...
Desses seres, que nasceram de humanos, nunca amados e que procriam nas margens dos medos e muito aquém de um mínimo de dignidade humana não mais vos falarei.

Indignação!
São histórias de (des)encantar como dizia Teresa Ferreira, herdeira do pensamento de João dos Santos, e que aqui hoje, neste blog, presto a minha mais sentida homenagem, por ter sido quem mais sabiamente me ensinou no domínio da Ética e do afecto posto na relação de ajuda terapêutica com um Outro que precisa de nós.


Porque...

Porque como dizia Agostinho Neto, no seu poema dedicado à Mãe: «Minha Mãe eu já não espero. Eu sou aquele por quem se espera.»

Ou seja, chegamos a uma altura na Vida em que já não estamos à espera, já não ficamos à espera, em que já somos aqueles por quem os Outros esperam. E não os podemos decepcionar. Estamos cá para eles.

Estamos cá para espalhar o nosso sorriso e o nosso afecto. O nosso Amor.

Deixo-vos por hoje com estas impressões e estas fotos de rostos... Rostos marcados. Rostos sentidos. Rostos com história e com histórias.
Prometo voltar aqui para vos escrever um resumo mais alargado desta minha expedição que, de repente,  se tornou viagem. Viagem de sonhos antigos. E viagem de sonhos de um Futuro melhor, e sobretudo mais sorridente, para todos aqueles que comigo partilham do amor à Vida e ao Outro.

Com um sorriso em tons simples mas sempre cheio do melhor de mim para Todos vós.
E um abraço. Sentido.

Jorge

2 comentários:

  1. Jorge, compañero Laddakhi, me ha encantado tu blog y veo que el resto del viaje por la India estuvo muy bien...
    Espero volver a verte pronto, pero esta vez en alguna cima, y que la montaña sea más benévola con nosotros.
    Un abrazo fuerte,
    Julio "el australiano"

    ResponderEliminar
  2. Jorge, compañero Laddakhi, me ha encantado tu blog y veo que el resto del viaje por la India estuvo muy bien...
    Espero volver a verte pronto, pero esta vez en alguna cima, y que la montaña sea más benévola con nosotros.
    Un abrazo fuerte,
    Julio "el australiano"

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